Hoje aprendi um monte de coisas: melhorei os golpes que a tia Li’ank me ensinou, e, em breve, poderei utilizar tais habilidades em combate; aprendi o sentido de equipe, e de como sem dor, não poderá haver ganhos. Essa é a vida de aventureiro à qual terei de me acostumar. É engraçado... exceto pelas décadas congelado que, claro, não passaram de um noite de sono intranqüila pra mim, em poucos dias minha vida no palácio real parece estar a séculos de distância. Chegamos à cidade chamada Kratas. Parece que ela é governada por um cara que enganou a morte... deve ser bem velho... talvez tenha lembrança do que ocorreu com o meu povo. Enfim, mas pode esperar por enquanto.
Nosso gigante particular, o poderoso Massa teve uma idéia que, de início, pareceu-me bastante contraproducente: lutar com um cara mais forte para obter dinheiro. Lembro que havia esse tipo de coisa na minha cidade, mas apostávamos em cães e galos. Enfim, a sandice não parou por aí. A idéia era a de que, mesmo que houvesse a derrota de um, outro deveria subir na arena para se digladiar, até que alguém obtivesse a vitória... ou sucumbíssemos todos.
Massa foi o primeiro... que luta, quanta pancadaria. E por mais que nosso poderoso companheiro combatesse com força, parece que seus golpes, como que por encantamento, não eram capazes de derrubar o monstro de pedra. Numa tentativa desesperada, Massa utilizou seus temíveis chifres, quase derrubando a fera e... foi aniquilado. Entrou em cena nosso maior herói, ninguém menos que Francis Drake. Sua performance, no entanto, em nada lembrava sua impecável técnica e mortífera destreza. Após sua queda, Portusss desafiou o pedregulho. A precisão cirúrgica de seus golpes, a rapidez, provocavam espanto na platéia... juro que vi uma criança ao lado de fora da arena chorando de pavor. Entretanto, assim como os demais, foi derrotado. Neste momento, tomado de medo e dúvida, compreendi o que se passara...
Sim, cara diário, o que via ali foi um ato de abnegação, sentido de união e bondade nunca visto em paragem alguma, ou mesmo cantado em nenhum recanto. Estupefato, compreendi meus caros companheiros caíram... DE PROPÓSITO. Sim, que outra explicação haveria senão a óbvia? Fizeram de tudo para perder de maneira que eu pudesse entrar na arena para provar o meu valor. Como num rito de passagem, naquele instante, me tornaria um verdadeiro homem, digno de integrar a trupe dos Caçadores de Drakkas.
Súbito, meu medo converteu-se em fúria, e parti para cima do gigante de pedra a fim de dar o meu melhor... iniciei com uma manobra de ataque, e quase perfurei a carapaça petrificada com meus Earth Darts, mas ainda assim ele veio para cima. Levei uma pancada tão forte que achei que todos os meus ossos iria se quebrar, mas eles se mostraram resistentes. Mesmo com os urros devastadores da besta, consegui me fundir com a terra, manobra evasiva que me garantiu oportunidade de mais uma vez golpeá-lo... pela expressão de dor pude ver que, caso eu conseguisse golpeá-lo assim, poderia fazê-lo cair por terra...
Mas então, algo aconteceu... minha lembrança nesse ponto ainda está um pouco anuviada... lembro de sentir dor de cabeça, e do gosto de sangue na boa. De repente, tia Li’Ank me acordou com sua habitual delicadeza: “ACORDA MULEQUE”. Quando pude ver, na arena, o Obsidman caído... meu coração se encheu de emoção, alegria, o gosto da vitória, finalmente os bardos poderia cantar meu nome aos quatro ventos por ter derruba... “PÁRA DE VIAJAR MULEQUE, SENÃO EU TE DOU UMA LIÇÃO COMO A QUE DEI NO OBSIDMAN”...
Enfim, não foi dessa vez, mas a lição de companheirismo de nosso grupo, ah, essa eu jamais vou esquecer!!!